O sol com preguiça desponta,na borda do mar.Pronto para aquecer o seu andar.No calçadão, com passos ligeiros,balança seu porte de dama,puxando a cauda da sombra elegante,sem olhar... nem pra mim, nem pro sol.Imagino seu nome:Parece Teresa da Praia ou Maria do Mar.Todos os dias repete, no mesmo horário,esse caminhar.Pisando os passos da fama,no itinerário de Copacabana.Vou me encher de coragem,em coro com o sol,Cantaremos bem alto:Bom dia, Teresa da Praia!Bom dia, Maria do Mar!Janeiro de 1999
Não fosse o tempoo senhor da razão,nossos tempos seriamapenas sós. Mas, a grande mãodo Criador de todosos Criadores, estámexendo. E, se assim for,espero que o “Jardim Canadá”floresça com todo operfume que exala doseu espírito Criadornas serenas madrugadas. Possa eu, humildemente,como um simples pastor,participar do seumaravilhoso mundo.Agosto de 2004
O silêncio do fundo da madrugada,existe,parece um vazio. Lá dentro,nas entranhas da casa,ouve-se o sussurrardos sonos profundos,dos homens que dormem. Sonos e sonhosjustos, conforme o peso
de cada um. Aqui, ouvindo o movimento,intermitente, das águas correntes,nos canos que são veias,
pregadas nas alvenarias dasparedes frias,ponho-me apensar:Onde estaremos amanhã? Será que as notícias dosjornais serão sempre as mesmas?E se mudássemos tudo?Por mágica divina, as notícias virassem gente,com vida, alma, espírito,angústias e tudo o que a gente sente?.Ah! Se as notícias fossem gente,como seria o vazio dos jornais de cada dia? Não sei responder.Acho melhor voltar pra camaainda são 3:20 e faltamuito pro galo cantar. A madrugada não tem silêncio,não tem vazio, é apenas oandar do tempo, através dorelógio da Ione. Agosto de 1993
Abro a porta do meu corpo,Saio para passear noMundo eterno. Por caminhos maviosos,Com a velocidade da luz,Vejo no infinitoO esvoaçar do seu doceSemblante. Nossos sentidos gasosos,Fluentes,Se interpenetramNum enlace de suspeitosasIntenções porém,Grandes como uma galáxia.Sinto o enlevo de uma infinita eternidade,Mas é hora de acordar. Cumprimento-a com ondas azuisDe sensações labiais, vibrando ondulaçõesPara fazê-la sentir o meu nome:Patrick!Gira a chave da razão,Retorno ao leito eDesabraço o macio travesseiro.Bom dia! Agosto de 1993
Ninguém compõe a última estrofee, muitas vezes, nem a primeira. Cantar e sorrirsão os melhores remédios.Viva o Palhaço quesabe ajudar na cura dos doentes. Viva o Poeta que versae produz o cantoque embala as conversas dosamantes. Viva o Mundo.Viva o Raimundo, o João,o Rodrigo, a Márciae tantos outros. Por fim, volto ao jardim, comcerteza que verei o Carlão. Viva a Vida !