quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O RELÓGIO IÔNICO

O silêncio do fundo da madrugada,
existe,
parece um vazio.

Lá dentro,
nas entranhas da casa,
ouve-se o sussurrar
dos sonos profundos,
dos homens que dormem.

Sonos e sonhos
justos, conforme o peso
de cada um.


Aqui, ouvindo o movimento,
intermitente, das águas correntes,
nos canos que são veias,
pregadas nas alvenarias das

paredes frias,
ponho-me apensar:
Onde estaremos amanhã?

Será que as notícias dos
jornais serão sempre as mesmas?
E se mudássemos tudo?
Por mágica divina,
as notícias virassem gente,
com vida, alma, espírito,
angústias e tudo o que a gente sente?.
Ah! Se as notícias fossem gente,
como seria o vazio dos jornais de cada dia?

Não sei responder.
Acho melhor voltar pra cama
ainda são 3:20 e falta
muito pro galo cantar.

A madrugada não tem silêncio,
não tem vazio, é apenas o
andar do tempo, através do
relógio da Ione.


Agosto de 1993

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